30.8.10

fantasmas III

J. Pinto Fernandes passou apressado pelos passageiros que sabia que o conheciam achando que sua rapidez lhe permitiria passar batido, mas o choque inesperado entre carro e moto bem na frente do coletivo revelou o que estava escondido. Aquelas conexões eram investigadas desde o início de março do ano passado, os indícios apontavam. Ele achou que passando apressado passaria batido, mas essas coisas são dissimiles. Os passageiros não esperavam vê-lo, mas acharam relevante sua tentativa de passar batido. Aquela investigação seguia em segredo de justiça, mas o choque não passou batido. A revelação do escondido passava pela violação da declaração universal dos direitos humanos. Ninguém disse que a vida é justa, mas deixá-lo de saia foi foda. Assassinaram sua honra depois acenderam a última ponta. O que sobrou do seu corpo foi jogado no mar do elevado do Joá. Não há notícias de testemunhas, apesar de estarmos certos de que várias passavam por ali na hora da desova. Um sítio foi apontado como local do crime, mas não foram encontradas quaisquer pistas. Segundo o caseiro não havia cães. Os dois porcos que tinham recebido seus cuidados teriam sido esquartejados para a feijoada oferecida na semana passada. A única diferença na rotina do caseiro era a presença de fantasmas: ele disse que lança pérolas aos seus fantasmas desde que os porcos foram esquartejados.

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