28.10.10

receitinha à toa

preparando madeleine
fonte: receitas.

Ingredientes
3 ovos
150 g de açúcar cristal
150 g de farinha de trigo
15 g de fermento em pó
35 g de cacau em pó
100 g de mateiga derretida
30 ml de leite

Modo de Preparo
1- Numa vasilha, bata os ovos com um batedor de arame
2- Junte açúcar e misture
3- Adicione a farinha, o fermento, o cacau, e mexa até formar uma massa
4- Adicione a manteiga derretida e ainda morna
5- Misture mais um poucoe acrescente o leite
6- Miture até formar uma massa homogênea
7- Com um saco de confeiteiro, (bico liso) distribua a massa em forminhas
8- Deixe descansar por 20 minutos
9- Asse em forno médio/alto pré aquecido por 15 minutos


Deixe esfriar um pouco. Coma depois de ler.


bailaremos Babilônia
ao som de S. Bach
sem medo bailaremos
até a Chaconne
te hipnotizar
desabarás em meus braços
antes, depois que
o amor acabar
só nós dois vamos
testemunhar

saberás o verso
além de todos os limites
além de ti, além de mim
e de tudo o mais que existe
arrancaremos o véu
que nos cobriu
quando crianças
teremos amor em abundância

bailarão os lábios
manterão acesa a chama
iremos ao chão para
então voltar à cama
e a cumplicidade será
nossa proteção
sempre que eu tocar
seu violão.

(arrastão de Bach, Bandeira, e Maria Braga)

18.10.10

para aguantar una semana más...

depois daquele debate chato, fraco, sem novidades,
e diante desta segunda-feira de trânsito, chuvosa...
só mesmo um quadrinho do miguel rep, hehehe!!!

14.10.10

ver o peixe

Deformação foi a palavra que encontrei para o que passou no restaurante universitário. Receio que não é, ainda, a melhor palavra. Em todo caso, foi assim que está acontecendo. Não é muito diferente do que acontece todos os dias. Acontece que parei para olhar. Foi no restaurante central. Serviam peixe. Multiplicaram o peixe. Não consegui entender como conseguiram tanto peixe. Carne branca por todos os lados. Todos mastigavam aquela carne branca. Eu mastigava. Olhava ao redor e via centenas de palavras voando por todos os lados. As vozes em desarmonia formavam um zumbido que já não sabia se eram vozes ou as moscas no teto. Estávamos cobertos por um teto de moscas. Não pude entender sua presença. O peixe tinha um cheiro bom. Demais. Tudo ficou demais. A cada bocado que eu mastigava era irresistível o impulso de olhar em volta. E as pessoas, a carne branca, as moscas, a mastigação e as palavras eram o inverso de um mantra, eram um mantra invertido. Obsessivo. O rapaz à minha esquerda levava um bocado à boca e ficava mastigando e olhando a comida no prato e mastigando e parecia contar quantas vezes mastigava aquele bocado. Outro bocado e mastigando e olhando a comida no prato e mastigando e contando quantas vezes mastigava outro bocado. Não deve ter conseguido terminar de comer. Como não consegui digerir o que acabei de ver. O rapaz à minha direita é canhoto. Leva a comida à boca e coça a mão direita enquanto mastiga. Para de coçar, pega outro bocado, volta a coçar a mão direita e não sei como não se feriu ainda. Eu mastigava olhando em volta e parava para olhar a comida e mastigava olhando em volta e este coçava a mão direita e aquele contava quantas vezes mastigava olhando para a comida no prato. Acabei de comer e respirei fundo, suspirei com alívio e vários vaga-lumes haviam substituído as moscas. Eram coloridos, não me pergunte como, eram coloridos. Preciso sair daqui. Preciso sair daqui, preciso sair daqui. Caminhei saciado e ansioso para o pátio, respirar, respirar, respirar. Sempre encontrei dois ou três cachorros na saída do restaurante. Dia estranho. Os cachorros deram lugar aos gatos. Vários. Pude contar trinta e quatro gatos. Percebi que havia alguns nos galhos das árvores. Nessa hora eu penso que seria um bom momento para uma daquelas frases brilhantes que tornam determinados textos inesquecíveis – ou que salvam textos horríveis como este. Nenhuma frase brilhante veio à mente. Nenhuma palavra redentora. Nada. Tentei escapar das palavras, mas não foi possível. Elas me seguiram até o banheiro. Era simples, era uma questão de higiene. Queria apenas escovar os dentes. Nenhuma palavra se dispôs a salvar minha pele. Tinha um cara escovando os dentes. Parecia que estava terminando, como esse texto. Deixei minha mochila no balcão, mijei, lavei as mãos e o cara escovava os dentes. Era obsessivo. Olhava os dentes no espelho, escovava um pouco, lavava a boca, voltava a olhar através do espelho. Peguei minha escova, um pouco de creme dental, comecei a escovar meus dentes e de repente ele lavou a boca, parecia que ia embora. Pegou mais creme dental e recomeçou. Pensei, tudo bem, o cara só tá preocupado com os dentes. Não sei como não se machucava. De repente me vi acelerando a escovação, comecei a ficar preocupado. Ele parou, cuspiu, olhou os dentes, recomeçou a escovação. Terminei de escovar os dentes e nada se alterou. Saí do banheiro e o cara ficou lá olhando os dentes, lavando a boca, mais creme dental, escova escova escova, lava a boca, olha os dentes. Eles eram brilhantes. Eram brancos como as luzes da sala de estudo. Não sei o que aconteceu primeiro, se a tela do computador me hipnotizou, se foram as luzes da sala de estudo que se derramavam sobre as mesas vazias. As mesas vazias não me diziam nada, mas as palavras conversavam animadamente sobre elas. Algumas competiam para, quem sabe, aparecer mais vezes. Às vezes, um grito interrompia a conversação. Um ruído engasgado de espinha de peixe me trouxe de volta. O problema agora é controlar os dedos. O teclado é irresistível. Parece que estou olhando à minha volta. Parece que estou tocando um espelho.

11.10.10

da resistência

apesar dos carros apesar do frio apesar da morte
apesar dos pesares a pesar a vida a pesar por tudo

8.10.10

biblioteca - miguel rep

boneca russa

Pinacoteca de São Paulo - Janeiro/2010

Drummond é 10

"O problema não é inventar. É ser inventado
hora após hora e nunca ficar pronta
nossa edição convincente."

6.10.10

desenvolvimento insustentável

amante das descobertas
armazenava tudo na nuvem
que acabou ficando saturada

choveu tanto que alagou,
sujou, mofou, apodreceu

até que saiu o sol
aqueceu, evaporou,
e as gotas de memória
foram regar distantes jardins

5.10.10

run, run, run!

A correria de todo dia vai te pulverizar!

A paisagem já não causa impacto;
ao contrário, fica cada vez mais deteriorada,
parece que vai ficando gasta, desbotada.



















Confunde-nos em fração de segundos,
perde o pouco que sobrou de cor.



















E no fim do dia já não resta quase nada.
Não guardamos nem mesmo as ruínas em volta.
Fica um flash que se desvanecerá em sonho ou pesadelo.
Ou penas um negativo, retrato do que somos: fogo-fátuo.

4.10.10

choro violeta

"La muerte da bronca porque no puedes seguir amando"
Juan Gelman

3.10.10

hora de votar. hora de chorar?

Hoje os brasileiros decidimos em quem depositar um voto de confiança para que, em termos de política, algo seja feito para melhorar. Nunca antes nesse país nós precisamos tanto de seriedade, honestidade, coragem para garantir o cumprimento das leis que deveriam organizar a vida em sociedade a fim de que não se perca a oportunidade de dar ao povo o que é do povo e fazer com que o bom momento econômico seja mais do que um bom momento econômico. É verdade, ainda estamos aprendendo o que é democracia. É verdade, há muita gente que não pensa em política, não está interessada em política nem quer saber de política. Talvez seja apenas essa a explicação do fenômeno Tiririca. Muito já foi dito a respeito dessa candidatura. Uns acreditam que é uma forma de protesto votar no palhaço. Será também uma forma de protesto votar nas “celebridades” que se candidatam? E como explicar os votos recebidos pela candidata Cameron Brasil? Sim, a que diz “vote com prazer: 19... 69!”? Estarão seus eleitores seguindo o conselho de Marta Suplicy, o “relaxa e goza”? Quem sabe? A candidata Marina Silva realmente veio, mas não do jeito que imaginei. Estivesse no lugar da candidata Dilma, talvez – eu digo, talvez – não houvesse sequer a desconfiança de segundo turno para presidente. A história, no entanto, não é feita de hipóteses. E esse texto não era pra ser tão grande, pois não se pretendia grande – nem mesmo sério. (O começo parece até discurso de candidato). Quando me propus a escrita era apenas a fim de levantar outra questão: será que nos outros países há candidatos tão toscos quanto os que vemos por aqui em terras brasilis?

1.10.10

por lo menos, primavera.

por lo menos ha empezado la primavera
por lo que parece que hasta los postes
pueden dar flores

 























y las interdicciones se olvidan en el fondo del jardín




















aunque el trabajo nos despierte requetemprano