27.11.06

Eu, tu, elas

(jogos de azar/amar)


Noves fora
perdi a dama

25.11.06

Fest fud?

Aêêê!!! É a festa do livro na universidade!!!

Compra ele, compra ela, compra até mulher banguela!
Na minha banca é mais barato! Mulher feia não paga, mas também não leva...

Promoção e pra mocinha! Desconto mínimo de 50%!!!

E numa banca disputadíssima tinha umas pirâmides.
Quem me levou foi a Olívia. Tinha A Montanha Mágica por trinta dinheiros.
Um rapaz já tinha feito o pedido. A Olívia também. Eu pedi uma pra mim.
A menina do outro lado da banca parecia confusa, era muita montanha junta.
E como o aquele negócio estava uma feira mesmo...

- Olha, são três montanhas mágicas e um grande sertão pra viagem!

- Tutaméia acompanha, senhor?

- Não, obrigado!

- Aqui está seu pedido. Algo mais?

- Hum... Pensando bem, me dá um corpo de baile.

(um picareta grita lá do fundo)

- Vai comer agora ou quer que embrulhe?

22.11.06

A prosa do povo

Foi no corredor de ônibus.
Parei ao lado do motorista
e tentei compartilhar do seu ponto de vista.
Era um ônibus novo, de piso baixo, eu ali ao lado.
Ignorei engenhocas para abrir e fechar as portas,
ignorei os retrovisores, o câmbio.
Eu olhava apenas pro ponto e,
sobre as faixas, os pedestres.
Lotados os corredores Rebouças-Consolação;
no Anhangabaú, aquela multidão...

18:15

Saltei na Sé e, com fome, corri pra lojinha do Ronald.
Subi até um salão tranqüilo.
Comi.
Não sei se foi o calor, não sei se foi a multidão
Só sei que meu paladar se foi.
Não tinha gosto, aquilo.

Uma amiga me falou
ao caminhar comigo um dia
pr'eu andar mais devagar
Perguntou: você tem pressa?
Eu respondi a ela que não tinha pressa alguma
Algum tempo depois ela me disse
- Caminhemos bem devagar...
Então, senti melhor o sabor que tem a vida.

Será que as pessoas no ponto
sobre as faixas de pedestres
no Anhangabaú ou na Sé
conseguem sentir o pé?
Será que dói? Sente calor?
Será que sente?
Sei não.
Só sei que tudo começou naquele mesmo busão
lendo ao lado do piloto um poema do Drummond
Tá no livro A rosa do povo: "Noite na repartição".

Será que falta uma frase aqui? Acho que não... Eu não quis fazer uma quadra, não quis fazer versos (não?!!!), não quis ser poeta. Só fiz soltar o verbo, rs...

15.11.06

É?

Pois comece brindando com este gitano e termine em seus braços aninhada. Como vida de pobre é toda em dó-maior, dividiremos o velho pão na grama do aterro observando as bandeiras se acenderem, bem como se acenderá uma lua oval da Esso. Ficarei no teu corpo feito tatuagem só pra te dar coragem de caminhar comigo em noite de lua nova. Tirarei do teu corpo as melhores melodias, que nos servirão de farol. Dia novo, falaremos a vida, ouvirei teu cheiro e, por que não?, aplaudiremos o pôr-do-sol no posto nove. Bêbados de sol e de sal, sopraremos a areia e cairemos na Vila, seja Isabel, Madalena ou Mariana. Então, brincaremos sob o abacateiro até que nos venham merecidos frutos, e te ensinarei a destelhar estrelas para cobrir de luz a sina dos meninos malabares nos faróis.

11.11.06

Então sonhei com um cabeludo com quem dialoguei durante muitos anos. Meus diálogos, na verdade, sempre foram monólogos. Só que desta vez o diálogo aconteceu, ainda que em minha vida-sueño. Ele me disse para não ficar aflito nem me perguntar o que comerei, o que beberei ou com que me vestirei. Agradeci.

Ele continuou. Disse que eu devia entrar pela porta estreita, porque larga é a porta que conduz à perdição. Então perguntei-lhe se porta larga e porta grande são sinônimos, mas ele não soube me responder. Olhou para mim daquele jeito que só ele sabe quando quer se tornar um espelho onde as pessoas costumam refletir seus medos, suas angústias, suas paixões.

Entre ansioso e excitado, argumentei que ele me disse uma vez que somos a luz do mundo e que por isso mesmo o sorriso dela iluminou o caminho escuro e dissipou meu medo. Ele me disse que eu estava interpretando o que ele disse de acordo com as minhas necessidades, que a coisa era mais complexa.

Disse a ele que a coisa talvez fosse mais simples do que ele dizia. E que ele mesmo sempre me pareceu muito mais simples do que me disseram aqueles que o estudaram. E que só a simplicidade poderia dar conta da complexidade do universo e daqueles que o complicam ainda mais.

Ele suspirou, abaixando a cabeça enquanto a balançava negativamente. Respirou fundo, ergueu a cabeça de novo, pôs a mão direita no meu ombro e disse:

- Caminhemos, pois!

10.11.06

Então ela me disse que não há caminho longo duro áspero o bastante
para quem caminha lado a lado

Porque há muitos caminhos e portas pelo mundo
havia mais de um até a porta grande

Não precisamos mais do que enxergar um deles
no meio da escuridão

Desnecessárias as palavras
Nossos pés é que nos disseram

Caminhemos, pois!

8.11.06

Procura-se

Cansado de esperar por uma resposta da Ana, Ricardo resolveu tentar de novo, mas não sabia por onde começar. Tinha plena consciência de que o mundo já havia mudado demais, estava certo de que não encontraria no bar no cinema na danceteria no parque a mulher que imaginava. Ricardo era mesmo um cara do século antepassado. Comprou o jornal de domingo e abriu o caderno de Classificados. Não se sabe o que foi, se uma conjunção astral, um lance de dados, obra do acaso, se foi tudo junto... Deu de cara com o seguinte anúncio:

"Meu nome é Gal e desejo me corresponder com um rapaz que seja o tal (...) E não faz mal que ele não seja branco, não tenha cultura, de qualquer altura eu amo igual (...) E tanto faz que ele tenha defeito ou traga no peito crença ou tradição (...) Eu amo igual."

Apesar de achar estranho ver um número de telefone no final do anúncio de alguém que queria se corresponder, Ricardo resolveu ligar. Sim, era mais uma mensagem de voz...

"Meu nome é Gal, tenho 24 anos. Nasci na Barra Avenida, Bahia. Todo dia eu sonho alguém pra mim. Acredito em Deus, gosto de baile, cinema, admiro Caetano, Gil, Roberto, Erasmo, Macalé, Paulinho da Viola, Lanny, Rogério Sganzerla, Jorge Ben, Rogério Duprat, Waly, Dircinho, Nando e o pessoal da pesada. E se um dia eu tiver alguém com bastante amor pra me dar
Não precisa sobrenome
Pois é o amor que faz o homem."
[ "Meu nome é Gal" (Roberto Carlos/Erasmo Carlos) ]

6.11.06

"Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!"

3.11.06

Desabafo!

Porque ando de saco cheio de tanta gente ignorante falando sem nenhum conhecimento de causa, usando espaço nos jornais, revistas, internet e não sei mais o quê, para falar do controle de tráfego aéreo no brasil. É com bê minúsculo mesmo!

Aos blogueiros amigos que me visitam, perdoem a ausência. É que eu...


Chatterton
Ana Carolina
Composição: (Gainsbourg - Adpt: Seu Jorge / Dani Costa)

Sangue, Sangue,Sangue
Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Getúlio Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem

Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isócrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem

Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Cleópatra, suicidou
Schumann, enloqueceu
E eu, puta que pariu, não vou nada nada bem

Puta que pariiiiiiiiiiiiiiiiuuuu!!!
Yeharrrrrrrrrrrrr!

1.11.06

Papo de bêbado...


Depois da décima quinta cerveja, vi umas figuras batendo papo na minha sala...

Neruda - Acontece que me canso de ser homem...

Vinícius - Acontece que sou triste.

Bandeira - Uns tomam éter, outros cocaína. Eu tomo alegria!

Quintana - Desconfia dos que não fumam: estes não têm vida interior, não têm sentimentos.

Drummond (me olhando de lado) - Êta vida besta...