9.12.13

lengalenda

Apela para a palavra por puro instinto. Teatral. Pseudo-supervivente, pero subserviente. Se aperta o calo, pula janela, se atropela e perde prazo de validade. Vencido, recienvenido, se reinventa, se revienta em vozes abobadadas de porta a porto. Maravilha. Recicla vela preta, despacha ebó – haja camarão! De beber? Nada, nada, nada além da arrebentação: quebra garrafa de Pitú, bate cabeça no congá, pede glicose na veia e um show do sepultura.
O sol não aquece alma penada: lavra os autos, lavra jatos, leva as tintas, soma as penas, suda sangre-almodóvar, borra papéis inesperados. E lua cresce aos olhos de tristanço de estante, mientras sentirla es, essa gota colgada, lágrima caiada dos olhos de un niño azul.
Abre os braços, sobe morros, desce nadas e ladeiras. Sobra sal pra cada lado desse rio engarrafado, cada margem uma história fora de ordem terceira do carmo. Ruas de paralelepípedo, trilhos de bondes parados, tudo isso resiste. Sabe, no entanto, um som de saudade, um lamento. Aço, fio de vento, rebento. Esquissomfrenia desatada cortando dobrados dentro das horas cinzas, ora azuis, ora lilases. Um dejavú, um de já vai, uns djavan, outro Irajá. Sim, já vai. E volta. Apela para a palavra por puro instinto.