29.3.11

carta n.1

Querida Wendy,

Não se preocupe. A vida é assim mesmo, se você aceitá-la assim.
Ou, como dizia Nelson, a vida é como ela é.
Faça como quiser, faça como quiserem.
Isso não faz muita diferença mesmo.
O segredo é: seja como for,
tem que ser importante pra você.
Qualquer coisa estranha aconteceu hoje.
Esta data em que celebro a vida trouxe também a morte.
Para que não nos esqueçamos de que tudo, tudo passa. Todos passam, Wendy.

Take care!

28.3.11

afinal, quem é que sabe?

Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, sobre o posicionamento ideológico
de seu futuro partido, o Partido Social Democrático:

Partido não será de direita, nem de esquerda, nem de centro.
fonte: Estadao.

Já sei! O partido será três coisas ao mesmo tempo!
Deve ser influência do preço da passagem...

quem inventou o Rodas, hein?

Perguntar não ofende.
O cara não comparece à audiência e ainda manda
alguém que vai embora antes de se manifestar...

http://emdefesadaeducacao.wordpress.com/2011/03/26/relato-da-audiencia-da-comissao-de-direitos-humanos-da-alesp-sobre-a-gestao-do-reitor-da-usp-rodas/

23.3.11

shock poets

a capa do disco veio à tona relendo o post anterior,
é memória dos anos de praias cariocas
cortando as ondas do presente.

22.3.11

diga-me em que língua
te encontrarei
e serei sujeito dessa língua
serei sujeito nessa língua
a chuvas e trovoadas
a tormentas
atormentado por
brainstormings
sturm und drang
mise en abîme
diga-me em que língua
te encontrarei
pois nela continuarei
eternamente sujeito a ti.
...

Mas vai doer menos.

20.3.11

copie conforme


"Nietsche dizia: saiba que a importância de uma obra está no seu olhar. E isso não acontece só na arte: o seu objeto de amor também depende do olhar que você lhe lança."
Abbas Kiarostami

8.3.11

8 de março com Benedetti

"porque has venido a recoger tu imagen
y eres mejor que todas tus imágenes"

do poema Corazón coraza
de Mario Benedetti


.

3.3.11

que no se haga mi voluntad, sino la tuya

la siesta me brindó una pesadilla. me despertaba de una siesta con un cuchillo de bronce a mi lado.
el cabo del cuchillo, decorado con alas, se ajustaba perfectamente a mi mano izquierda.
siniestro sonido me despertó. no eran voces, no eran gritos ni llanto.
en la tele prendida como despertador, sonaba este canto:

E. M. Cioran

Contar passo a passo a história de meu relacionamento com este idioma de segunda mão, com todas estas palavras pensadas, repensadas, afinadas e afiadas até a inexistência, inclinadas pelas exigências da nuança, inexpressivas por terem exprimido tudo, de uma precisão espantosa, carregadas de cansaço e de pudor, discretas mesmo na vulgaridade, significaria contar a história de um pesadelo. (...) Voltar não posso; a língua que tive que adotar me segura e me mantém com as mesmas dores que me custou. Sou um "renegado", como você insinuou? "A pátria não é mais que um acampamento no deserto", diz um texto tibetano. Não vou tão longe assim, daria todos os países do mundo por aquele da minha infância. Mas devo acrescentar que, se faço dele um paraíso, somente os truques e a incerteza da memória devem ser responsabilizados.

outra citação de A Babel do Inconsciente

2.3.11

O jogo é jogado, não é falado.

Era o que meu pai me dizia quando jogávamos baralho.
O texto que reproduzo chegou pra mim em espanhol através
de uma amiga muito querida. Procurei o original e achei aqui.

PLAY THE GAME.
Endanger your work even more.
Don't be the top dog.
Seek out the face-off.
But be unmindful.
Have no thoughts in back of your head.
Keen nothing secret.
Be soft and strong.
Be sly, enter the fray but hate to win.
Don't observe, don't test, but be ready for signs.
Tremble, quake, shatter, heal.
Show your eyes, wave the others on into the depths,
care for spaces and behold each one in their own picture.
Act only with enthusiasm.
Fail with ease.
First of all, take time and the long way round.
Be addle-brained.
Go on a holiday as it were.
Overhear no tree and no water.
Enter where it pleases your heart and treat yourself to the sun.
Forget your kinfolk, strengthen the strangers, spaces,
a hoot for the tragedy,
spit on misfortune,
laugh conflicts to smithereens.
MOVE IN YOUR OWN COLORS.
until you are in the right
and the leaves' rustling turns sweet.
Walk about the villages.
I will follow you.

Peter Handke

1.3.11

esperança

que a chuva deixe de fazer vítimas,
seja no Brasil, na Bolívia, no mundo...

que os governantes façam sua parte nisso,
e que nós todos façamos a nossa parte também.

A presidenta

Sigo feliz pela eleição da presidenta Dilma Roussef. Semanas atrás até sonhei que minha mãe era ministra de seu governo, vai vendo... Estratégias de marketing à parte, tenho esperança de que algo melhore. Sei, no entanto, que este governo será diferente do anterior. A participação da presidenta em evento do jornal Folha de São Paulo e em programas de televisão como o de Ana Maria Braga e Hebe Camargo deixou parte da esquerda, a meu ver, histérica. Muitos se sentem traídos. Eu prefiro acreditar em uma estratégia dela ou do seu pessoal de marketing. Claro que posso estar completamente enganado, posso estar me enganando. Assim sendo, muito do que se esperava dela estará se transformando em decepção para uma parte de seu eleitorado. Dilma sofreu na mão da imprensa durante a campanha. Agora, se exige que ela jogue duro com a imprensa. A briga é com a Lei Geral de Comunicação. Ela é esperada com ansiedade, não se sabe se vai sair ou não. O medo que ronda a esquerda é o de que o governo não proponha a lei em função da exposição que a presidenta vem fazendo de sua imagem nos programas e evento mencionados. Acredito que a lei será proposta. Como virá a proposta e como ela será aprovada são outros quinhentos. Sobre minha crença na teoria da estratégia, posso dizer o seguinte: assisti parte do programa da Ana Maria Braga. Posso ter perdido algo importante, mas baseado no que vi e ouvi, ouso afirmar que Dilma Roussef é uma excelente estrategista. Poderá dentro de alguns meses dizer: ok, respeito a imprensa, converso com a imprensa, quero que ela continue livre, e precisamos de uma lei que atenda aos interessas dela e também aos interesses do povo desse país. Com esta atitude ela faria a proposta que sairia dolorosa para a imprensa e benéfica para o país. Cenário de sonho, certo? E como é difícil achar matizes nessa relação, a outra possibilidade – não me sinto capaz de acreditar nela – é um acordão com a imprensa: olha gente, eu vou lá, mostro que sou um ser humano, uma mulher como qualquer outra, e a gente suspende essa lei – ou pelo menos faz uma lei que lhes prejudique menos, senão eu fico mal com meu eleitorado. Sinceramente, prefiro alimentar minha esperança, mesmo estando ciente do que pode estar cheirando mal nesse reino. Caso um odor insuportável tome conta do país e o tal do acordão se confirme, direi: tudo dentro da normalidade, a política nesse país é mesmo uma piada. E pior do que está, sempre fica!