28.2.11

Héctor Bianciotti

Eu que não tenho uma língua, mas sou atormentado por várias, ou muitas vezes me descubro beneficiando-me de muitas, tenho a sensação de que mudo conforme as palavras que uso. Acontece-me de ficar desesperado em uma língua, e apenas triste em outra. Toda língua induz à mentira, exclui uma parte dos fatos, de nós mesmos; mas na mentira há uma afirmação, é uma forma de ser em um outro momento; várias línguas ao mesmo tempo traem, fragmentam e dispersam a nós mesmos.

Citado no livro A babel do inconsciente.

26.2.11

monkey

poor zee... as a monkey, I have to say that he is nothing but a bolt. or... should I say he's a joke? nothing to do in my jail. she tried to make me happy with this thing you call internet. I'm sure that Shrek could make it better than me but I don't care. creating zee was easy as pie. it was somthing like giving the correct information to the wrong spy. I live with Claire. she never told me to be careful, never told me about those infective agents. poor zee... he's lost, and he ain't on television. hey, don't delude yourself. zee ain't an ant. and I'm just a monkey. so, what really matters here is this one that gave me this gift and wants me to shut up 'cause I was supposed to be brief.

25.2.11

zee

you don't know me, Claire, and I don't care. I can't give you the key to open this jail 'cause you already have it and I hope you don't fail. I want you to go, Claire. All you have to do is take that key and open the jail. Please, don't fail.

24.2.11

They call her Claire


They call me Claire. Some people ask me to stay, some people don't even dare. But I really... I just... I don't know, I don't care. I felt in this pilgrim, kind of jail, this fairy tale, and I'm so far away from me – and that ain't a song. Maybe I don't know, maybe I don't care. The truth is... well, I think it doesn't exist, think I don't exist, think: there is no truth. What we know is that this monkey, this bear, this... this zee is here, or out there, I don't know, maybe I... Well, I don't care. This silly... whatever, wherever he is, gets more and more crazy each day. But he's fine, maybe 'cause in his madness everything seems okay. I thought I could hurt him and go away, but he liked and asked me to stay. That pain is his only pleasure, I know. Well, I think that I know but... Maybe I don't think, maybe I don't even exist. Who cares?

22.2.11

metodologia

.

Tem gente que bebe pra esquecer;

e tem gente que escreve.

 - Amigão! Mais uma cerveja, papel e caneta, por favor! Hic!

.

21.2.11

(des)tempo importante

.
aula de samba-rock?

12.2.11

tempo (des)importante

se a resposta demora demais
não aguentamos esperar
simulamos diálogos impossíveis
improváveis, invisíveis
como se tudo fosse normal
a espera fosse natural
nada parece estranho
o sorriso marrom
um olhar desengano
a certeza de um lugar
tão real quanto inverossímil
.
talvez sem importância –
tanto que não vale um comentário,
mas talvez valha uma nova postagem...

7.2.11

delay

6.2.11

tem sempre um dia

construiu sobre a rocha, fez tudo certo,

mas estava pertinho do mar
um dia a maré encheu
afogando sonhos

mas estava perto do deserto
um dia o vento mudou
ele desapareceu

5.2.11

silêncio

nesta noite caímos em contradição:
decidimos calar até que nos deixem
surdos as batidas de nossos corpos.

4.2.11

lab

então ficou claro que todo jogo literário guarda uma espécie de causa secreta e pode ser uma "Causa Secreta" às avessas, em diagonal, de cabeça pra baixo etc. e no fim das contas o nó que o leitor encontra está em qualquer lugar, menos no homem, na mulher, no rato. e o melhor: a brincadeira fica ainda mais engraçada quando o cão pensava ser gato e no fim é o rato.

3.2.11

rompante

Eleutério não é homem de verdade. Continuará não sendo, afinal. Ele será apenas a lembrança de uma dor torturante que o acometeu durante a noite de ontem: a dor de não ter palavras para expressar seu desencanto, sua miséria, sua falta de esperança. Cometeu suicídio na manhã de hoje por acreditar, pobre, que poderia ser um dia personagem de algum Kafka.

2.2.11

repente

Epifânia não era mulher de verdade. Continuará não sendo, afinal. Ela será apenas a lembrança de uma tarde triste em que uma banda de pífanos tornava ainda mais aguda aquela dor: ela tomou a decisão errada, apesar de ser aquele o dia certo, a hora certa, o lugar certo. O choro estridente de Manuel fez com que ela finalmente compreendesse a diferença entre a vida real e a literatura.

1.2.11

anonimato

Fulano ficou sozinho no apartamento. Seus companheiros de quarto pareciam ter adivinhado. Ele não queria ter a ilusão de não estar só no último suspiro. Saíram para buscar qualquer coisa, um cigarro, uma cerveja, um quilo de café, o que você quiser. Simples, fulminante, sem testemunhas. Uma garrafa de água mineral no colo. Fazia um calor fodido.