31.8.10

outra frase

eu sou
uma frase defeito
ponto

30.8.10

fantasmas III

J. Pinto Fernandes passou apressado pelos passageiros que sabia que o conheciam achando que sua rapidez lhe permitiria passar batido, mas o choque inesperado entre carro e moto bem na frente do coletivo revelou o que estava escondido. Aquelas conexões eram investigadas desde o início de março do ano passado, os indícios apontavam. Ele achou que passando apressado passaria batido, mas essas coisas são dissimiles. Os passageiros não esperavam vê-lo, mas acharam relevante sua tentativa de passar batido. Aquela investigação seguia em segredo de justiça, mas o choque não passou batido. A revelação do escondido passava pela violação da declaração universal dos direitos humanos. Ninguém disse que a vida é justa, mas deixá-lo de saia foi foda. Assassinaram sua honra depois acenderam a última ponta. O que sobrou do seu corpo foi jogado no mar do elevado do Joá. Não há notícias de testemunhas, apesar de estarmos certos de que várias passavam por ali na hora da desova. Um sítio foi apontado como local do crime, mas não foram encontradas quaisquer pistas. Segundo o caseiro não havia cães. Os dois porcos que tinham recebido seus cuidados teriam sido esquartejados para a feijoada oferecida na semana passada. A única diferença na rotina do caseiro era a presença de fantasmas: ele disse que lança pérolas aos seus fantasmas desde que os porcos foram esquartejados.

fantasmas II

Hace un rato me despertó el teléfono:

- Alô?
- Senior Sé?
- Quem é?
- Sabato, Ernesto Sabato.
- Cómo es?
- Hijo, por qué me mataste?
- Quién habla?
- Yo, Er-nes-to Sa-ba-to!
- Pues, como podría haberle matado, señor, si a mi me habla usted?
- Ay... dónde andará el respeto en estos días?
- Un momento, señor. Cuál es el problema?
- Bueno, dijiste que has visto mi fantasma, no es cierto?
- Sí, perfecto.
- Cómo podrías hacerlo si estoy vivo?
- Pero, qué pregunta! Quién sos?
- Ya te lo dije. Qué te pasa?
- Qué me pasa? Alguien me llama retemprano justo en el único día que puedo dormir un poco más en esta semana de mierda y encima quiere saber qué es lo que me pasa a mí!!! Peor: dice que es alguien que seguramente no es!
- Cómo sabés?
- No sos Sabato, tampoco escritor. Si fueras por lo menos un escritor estarías acostumbrado o, como mínimo, sabrías que los escritores tienen sus fantasmas, y que estos fantasmas están por todas partes, y que cuando se mueren los escritores sus fantasmas se multiplican. Además, sabrías que los fantasmas de los escritores son invención de los propios escritores, no existen en otra parte sino en sus cabezas.
- Así que estás hablando por teléfono con un fantasma que no existe sino en tu imaginación?
- Por supuesto!
- Y por qué estás enojado? Por qué simplemente no cuelgas el teléfono?
- Por que ni siempre es cómodo estar solo en el abismo, hijo mío.

29.8.10

fantasmas

lo vi a ernesto en el pasillo.
agarró un libro, se puso a hojearlo
después me miró y me dijo
lee esto:

          LA COMUNICACIÓN MEDIANTE EL ARTE. Dice Berdiaeff que el yo se esfuerza en romper la soledad mediante varios intentos: el conocimiento, el sexo, el amor, la amistad, la vida social, el arte. Y agrega aunque es cierto que la soledad se atenúa, ninguno de esos medios es capaz de vencerla definitivamente; porque todos conducen a la objetivación, y el yo no puede alcanzar el otro o, sino en un acto de comunicación interior. Sólo encuentra, al término de cada uno de esos caminos el implacable objecto, la sociedad objetivada.
          En lo que se refiere al arte no me parece acertado: el Tú (contemplador) alcanza al Yo (artista) a través del objeto artístico, no en el objeto artístico. Como lector de Rojo y negro yo ingreso en la intimidad misma de Stendhal, y él ingresa en la mía como creador. Tal vez podría decirse algo semejante del amor, considerando un amor como un objeto artístico. En ese caso, la “cristalización” stendhaliana sería la formación de ese objeto.

ya no estava ernesto.
me llamó la atención lo que
leí en sus palabras preliminares:

En cualquier caso, el que leyere puede tener la certeza de que no está frente a gratuitas o ingeniosas ideas o doctrinas, sino frente a cavilaciones de un escritor que encontró su vocación duramente, a través de ásperas dificultades y peligrosas tentaciones, debiendo elegir su camino entre otros que se le ofrecían en una encrucijada, tal como en ciertos relatos infantiles, sabiendo que uno y sólo uno conducía a la princesa encantada.

quise preguntarle una docena de cosas
entender por qué había venido
pero ya había desaparecido
el fantasma de ernesto.

después le contesto.

28.8.10

azar

ou un coup de dés...

não está fora de foco, você é que bebeu demais...



nem baralho, nem realejo: apenas uma página.

divulgação

27.8.10

gravitacional

a lua cheia de si
ou de mim
cheia de tudo
vem bater à porta
aberta ao universo
presa de seu brilho
inverteu elementos
mais clara que o sol
decifra os maiores enigmas
perde se perdido o espelho.
segue a dança dos corpos celestes.

25.8.10

(des)construção

é claro que esmeralda poderia não valer nada, poderia disfarçar sua fragilidade com uma agressividade que nada teria a ver com sua personalidade, poderia levar uma vida promíscua, desperdiçar todas as oportunidades que a vida lhe desse (ou não), ter mãe dedicada e pai amoroso (ambos decepcionados), trair seguidamente o marido e não prestar qualquer assistência à sua filha pequena. e é claro que esmeralda, pelo comportamento que sempre teve, poderia ter sido recompensada aos olhos dos leitores com a tora de madeira na cabeça, ao que diriam: "bem feito! merecia morrer mesmo!"
é claro que esmeralda poderia valer alguma coisa sem tocar quaisquer extremos. ela poderia ter sido violentada pelo pai, abandonada pela mãe, raptada pelo vizinho, ter fugido com um bandido, a morte poderia, talvez, ser merecida mesmo. que importa? amor, ódio ou indiferença seriam apenas formas de encarar as diversas formas de falar de uma vida que já não é, de uma vida à qual não se atribuiu qualquer valor. mas, é claro, nada disso precisava ser dito.

24.8.10

quadrilha

Foi o fio da camisa que o denunciou. Displicente na hora errada, devolveu à biblioteca o livro que seria apenas mais um livro entre tantos. Édipo Rei fica no chinelo diante do tecido enfim revelado quando Genésio, leitor de Borges, folheava, quem diria, um volume de Carlos Drummond de Andrade. A quadrilha estava formada havia tempo, mas J. Pinto Fernandes entrou na história. Investigador aposentado, conheceu Genésio durante um evento que reunia usuários de internet de todo o mundo. Era pra ser apenas mais um evento desses que reúnem usuários de internet de todo o mundo. O que esqueceram de avisar para a Lili foi que nenhum evento que reúne usuários de internet de todo o mundo é “apenas mais um evento". Mas Lili foi ao evento com Raimundo, o que formaria apenas mais uma rima se não solucionasse o caso. Maria de fato amava Joaquim, mas ninguém tinha imaginado que João fingiu gostar da Teresa apenas porque desejava fugir da Lili. Aquele crime interrompeu a feira e, meses mais tarde, Genésio tinha diante de si o fio da camisa que desenrolaria toda a trama. Genésio guardou o fio da camisa como quem guarda um fio de cabelo. J. Pinto Fernandes desconfiou que Genésio sabia quem tinha cometido aquele crime, mas só teve certeza quando lhe pediu que dividisse com ele o fone de ouvido. Estavam apaixonados. Caminham juntos pela praça quando acorda Teresa. Não foi o fio do lençol. Foi o fio da camisa que o denunciou.

21.8.10

phyllostachys aurea

Esparrela
Ululante

Embalado
Nebuloso
Vento
Este
Renitente
Geme
Obtuso

Move
Andaluz
Sineta

Narcose
Adocicada
Obsessão

Quando
Uivo
Embriagado
Balizo
Raias
Obscuras

20.8.10

outra música na cabeça

acordei uma vez mais com
outra música na cabeça.
deve ser algum efeito colateral.
acordar cedo a semana inteira
não deve fazer muito bem mesmo...
mas, como diz o refrão, it could be worse.

16.8.10

Construção

Esmeralda era uma mulher de valor, mas extremamente sensível. Isso não a fez menos batalhadora. Filha do pobre casal Vânia e Berilo, esteve durante muitos anos alimentando a esperança dos pais em conseguir uma vida melhor. Eles trabalharam todos os dias para que ela pudesse estudar, ter uma vida digna. Queriam que Esmeralda chegasse a “ser alguém”. Ela fez o que pôde. Estudou muito, trabalhava desde os 14 anos sem prejudicar os estudos, gostava muito de ler. Decidiu que estudaria Direito. Não conseguiu vaga na universidade pública; viu-se obrigada a deixar metade de seu salário todos os meses na conta de uma universidade privada. Esmeralda era a melhor aluna da classe. Conseguiu uma vaga de gari muito antes de conquistar o diploma. Sim, conseguiu se formar no ano passado. Estudava para o concurso da Ordem dos Advogados do Brasil. Seu objetivo era ser promotora. Por pouco Esmeralda conseguia ser alguém. Ela foi apenas uma promessa. Esmeralda virou estatística. Esmeralda, infelizmente, é apenas o nome que escolhi para o ser humano chamado “uma gari” pela peça jornalística.


(reprodução da página consultada em 16/08/2010 às 17h45)

16/08/2010 - 11h53
Madeira que caiu de caminhão na marginal Tietê, em SP, atingiu garis que limpavam via.

A marginal Tietê permanece parcialmente interditada após o tombamento de um caminhão que transportava toras de madeira na altura da ponte da Vila Guilherme, na via expressa, no sentido Ayrton Senna, em São Paulo, na manhã desta segunda-feira. Uma gari morreu e outro ficou ferido, segundo os bombeiros.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o caminhão tombou por volta das 8h40. Os bombeiros informaram que a carga atingiu os funcionários que trabalhavam na limpeza do canteiro central. O ferido teve escoriações e foi socorrido no pronto-socorro da Vila Maria. Duas faixas da esquerda ficaram bloqueadas mais cedo, mas uma delas já foi liberada. Para o desbloqueio total da via, a CET aguarda a realização da perícia. Existe lentidão nas proximidades.

Por volta das 11h50, a CET registrava 27 km de congestionamento, o que representa 3,1% dos 868 km de vias monitoradas em toda a cidade --índice dentro da média para o horário.

A marginal Tietê era a pior via, mas a lentidão era no sentido Castello Branco, contrário ao acidente. Havia 2,3 km de filas na via expressa, do Hospital Vila Maria até a ponte Jânio Quadros.

Outras vias com tráfego lento eram a avenida Cruzeiro do Sul, marginal Pinheiros e avenida do Estado.

notas geladas

Esta madrugada foi a mais fria do ano em São Paulo: 8,5°.
A informação é do INMET.

*

Essa é fria!
Foi divulgado no Estadão: próximo Rock in Rio será... no Rio!
Sobre possíveis nomes internacionais para o evento,
o organizador Roberto Medina teria declarado:
"Meu sonho é trazer Lady Gaga e Shakira".

Como é o nome do evento mesmo? ROCK in Rio? Ah! Tá legal...

qué hará el Congreso paraguayo?

El gobierno de Fernando Lugo se encuentra seriamente amenazado, dice el Página12. La grave enfermedad que lo afecta y el riguroso tratamiento a que se verá sometido sirven en bandeja al desprestigiado Congreso paraguayo el pretexto para destituirlo “legalmente”. Si esto finalmente se concreta, se produciría una gravísima regresión política que pondría abrupto fin a la primavera democrática vivida en los últimos dos años.

15.8.10

clarice, conhece o mário?

Quando a gente pensa que não... Sim, lá vem ela e nos acerta com uma boa bofetada!
A ignorância é uma moedinha que dispensa pedigree, cabe em qualquer bolso.
Eu, como um Zé qualquer, Zé-das-couves que sou, lembrei que nada sei.
Primeiro foi na hora de escrever. Pensei em disfarçar minha total falta
de habilidade para piadas ou de senso de humor refinado
dando para este post o título do filme que assisti ontem: whatever works.
Claro que poderia funcionar, mas minha mediocridade
falou tão mais alto que resolvi deixar como título a piadinha idiota.
Como toda moeda que conheço costuma ter dois lados, a ignorância
que me toca é, infelizmente, a que me faz querer aprender mais e mais
para um dia, finalmente, esquecer de tudo e ser esquecido por todos.
Juro que um dia tive a ilusão de saber o significado da palavra ironia.
Não sei se foi isso que apresentou o trecho de um conto à poesia.

"Mas ambos haviam nascido com a palavra poesia já publicada com o maior despudor nos suplementos de domingo dos jornais. Poesia era a palavra dos mais velhos. E a desconfiança de ambos era enorme, como de bichos. Em quem o instinto avisa: que um dia serão caçados. Eles já tinham sido por demais enganados para poderem agora acreditar."

"Te propongo construir
un nuevo canal
sin eclusas
ni excusas
que comunique por fin
tu mirada
atlántica
con mi natural
pacífico"

14.8.10

diga "oi!", clarice.

Olhei-o intrigada, de viés. E aos poucos desconfiadíssima. Sua falta de raiva começara a me amedrontar, tinha ameaças novas que eu não compreendia. Aquele olhar que não me desfitava – e sem cólera... Perplexa, e a troco de nada, eu perdia o meu inimigo e sustento. Olhei-o surpreendida. Que é que ele queria de mim? Ele me constrangia. E seu olhar sem raiva passara a me importunar mais do que a brutalidade que eu temera.

"Os desastres de Sofia"
A legião estrangeira
Clarice Lispector

12.8.10

volta às aulas.

Es gibt keine völlig ungemischte Sprache
Hugo Schuchardt

ampulheta

Vai, agora! O que houve? Não sei. Tudo bem? Tudo. E o braço? Tá legal. Dói? Não, tá tranquilo. Tentamos de novo? Não, deixa quieto. Que horas são? Onze e meia. E se não der tempo? Vai dar. Quantas horas faltam? Sete. Já se foram doze, né? Isso. Cadê o cutelo? Ficou na porta. Porra, assim não dá! Pô, foi mal! Esquece, já era. Vai buscar o serrote. Esqueci. O quê? O quê? Esqueceu o quê? O que esqueci? É, imbecil, esqueceu o quê? Não sei. Quem é você? Eia, que vai começar tudo de novo... O quê? Você com essa Espera! Agora lembro! Quanto tempo temos? Seis horas. Cadê o serrote? Peraí que eu vou buscar. Que horas são? Uma e meia. E quanto falta? Cinco horas. Tem certeza? Absoluta, qual é a dúvida? Não sei se vai dar tempo. É melhor não pensar. Anda logo com isso. Espera! Ouviu isso? Não. Não ouviu essa voz? Não! Melhor a gente ir embora Por quê? A gente tá quase lá! Não, vamos embora. Mas Os cachorros já estão latindo. Mas A gente volta amanhã, anda! E se não der tempo? Vai dar. A gente volta amanhã.

11.8.10

poética patética - II

sem sermão, sem análises, sem projetos. sem dinheiro, naturalmente. só, evidente, como todos que se perdem, se buscam, transitam entre páginas viradas, reviradas, reviravoltas, lugares comuns, cheiros de novo, de velho, de não tão velho, ácaros e diodos. não precisa ser psicólogo, filósofo, poeta, erudito, não precisa de nada disso. cada vivente carrega uma história em dois sentidos. são uma coisa só essas duas partes: uma é carregada na memória do que já o atravessou, outra é carregada na memória do que virá. estamos na iminência de, mas não basta a memória ordinária. mais é experimentar distorcer a memória tangenciada pela desmedida que a cada verso da vida nos atravessa.

10.8.10

Com a palavra, Ricardo Piglia

Da entrevista concedida à Revista Ñ acerca de seu novo livro "Blanco nocturno":

Ñ - Otra noción que explora la novela es la cercanía entre genialidad y desvarío. La locura como nombre que le damos a modos de percibir que se nos escapan.
RP - Es un tema que me interesa mucho. Siempre existe el problema de los límites de la percepción, lo que se puede ver en los rastros: en las caras de las personas con las que uno trata o en los elementos que uno percibe en la realidad. A mí me gusta mucho la expresión "sospechoso de demencia". Todos estamos por momentos en actitud de sospechosos de demencia, porque vemos demasiado sentido, porque creemos que todo tiene relación con todo; esos momentos donde aparecen datos que muchas veces son de lucidez pero amenazados por cierto delirio, como un exceso de significación.

o último que sair apaga a luz?

Ideias de Stephen Hawking divulgadas no site BigThink.
Ainda bem que ele é otimista...

Stephen Hawking: I believe that the long term future of the human race must be in space. It will be difficult enough to avoid disaster on planet Earth in the next hundred years, let alone the next thousand, or million. The human race shouldn't have all its eggs in one basket, or on one planet. Let's hope we can avoid dropping the basket until we have spread the load.
     I see great dangers for the human race. There have been a number of times in the past when its survival has been a question of touch and go. The Cuban missile crisis in 1963 was one of these. The frequency of such occasions is likely to increase in the future. We shall need great care and judgment to negotiate them all successfully. But I'm an optimist. If we can avoid disaster for the next two centuries, our species should be safe, as we spread into space.
     If we are the only intelligent beings in the galaxy, we should make sure we survive and continue. But we are entering an increasingly dangerous period of our history. Our population and our use of the finite resources of planet Earth, are growing exponentially, along with our technical ability to change the environment for good or ill. But our genetic code still carries the selfish and aggressive instincts that were of survival advantage in the past. It will be difficult enough to avoid disaster in the next hundred years, let alone the next thousand or million. Our only chance of long term survival, is not to remain inward looking on planet Earth, but to spread out into space. We have made remarkable progress in the last hundred years. But if we want to continue beyond the next hundred years, our future is in space. That is why I'm in favor of manned, or should I say "personed," space flight.

"Gente Boa"? Mala gente!!!

Reproduzo mensagem da Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro:

De: APEERJ - Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro [mailto:apeerj@apeerj.org.br]
Enviada em: segunda-feira, 9 de agosto de 2010 23:02
Assunto: Repúdio a nota do jornal O Globo

Prezados colegas,

A Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro (APEERJ) iniciou, recentemente, uma campanha de incentivo a denúncias das escolas que não estejam cumprindo a lei federal 11.161/05, que determina a oferta obrigatória do espanhol no Ensino Médio e cujo prazo de implantação terminou no último dia 5 de agosto.
No entanto, vimos a público manifestar nossa enorme indignação diante da nota publicada no dia de hoje (09/08/2010) na coluna Gente Boa do Jornal O Globo. Lamentavelmente, o comentário do colunista “a coluna torce para que seja o espanhol de Cervantes, não o de Maradona” reproduz um arraigado preconceito lingüístico que insiste em atribuir ao povo hispano-americano um lugar depreciativo. Os professores de espanhol lastimam a opinião da coluna que, indubitavelmente, não reflete o esforço que nós, educadores, há muitos anos, dedicamos não somente à implantação do ensino de espanhol nas escolas brasileiras, mas, sobretudo, à construção do respeito à diversidade lingüística e de uma visão de mundo mais justa em relação à cultura latino-americana.

Atenciosamente,

Diretoria da APEERJ
Biênio 2008-2010


A mensagem continha ainda o link para a foto abaixo:

5.8.10

da (in)utilidade dos dicionários

nem sempre nos servem as definições que
nos oferecem os dicionários. exemplo:

carapuça:
(fonte: Houaiss)

1    barrete ou gorro de forma cônica ou semi-esférica; carapuço, garruço  
2    Derivação: por extensão de sentido.
     qualquer objeto semelhante a esse 

3    Regionalismo: Brasil.
     ferramenta com que os calafates trabalham nas cavilhas de madeira, evitando que se rachem  

4    Derivação: sentido figurado.
     alusão indireta, freq. crítica e/ou pérfida  

5    Regionalismo: Portugal. Uso: informal.
     logro, embuste  

6    Rubrica: termo de marinha.
     forro de metal ou lona com que se cobrem os chicotes ('extremidades') das enxárcias, estais etc. para preservá-los da chuva  

7    Rubrica: teatro. Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
     papel especialmente escrito para um ator  



Serviu?

random

Shall I be released? The answer doesn't seem to be blowing in the wind, Bob. But don't think twice, it's all right. It ain't me, we already know. And there's no need to worries, it's all over now, I ain't gonna work on Maggie's farm no more. I know that there is no place I'm going to, but you don't have to play it, Sam. Why wait any longer? You don't have to lay, lady, you don't have to stay. Nobody feels any pain 'cause this is not for real. These are just a few words I've put together after crossing the bridge sleepy listening songs like just like a woman.


efeito frente fria

a baía da guanabara
não vista a partir da
ponte Rio-Niterói.

3.8.10

direto de niterói

a frente fria finalmente alcançou o rio de janeiro,
mas foi possível guardar cenas como essa:

1.8.10

moído



Acordou com o sol queimando a pele suja de terra, mijo, cerveja e pelo de cachorro. Dormiu na sarjeta quando voltava do samba que rolou no bar do Tilzinho. Não aguentava mais subir a ladeira e sentou pra descansar. Sentou e lembrou da Luzia, que sambava como passista de escola de samba, madrinha de bateria. Não conseguia imagens precisas, mas sabia que tinha jogado fora a chance de ficar com ela. O Chico falou pra deixar a menina sambar em paz e ele levou a sério demais. Jogou truco boa parte da noite. E bebeu. Mas bebeu muito. Bebeu tanto que a noite dele poderia ser resumida assim: bebeu, mas jogou. Levou o zap na testa quando decidiu procurar a Luzia. Ela já tinha saído do samba com um boy que tinha colado no bar fazia uns vinte minutos. Quem viu disse que ela realmente brilhava solta na pista. Rebolava mais que todas, mas jogava o cabelo menos do que se poderia supor; não se exibia, reluzia. Deixou o samba menos triste, mas passou como um raio. A alegria daquela noite durou menos que uma flor de maio. Dor de cabeça, boca seca e o latido insistente do cachorro do vizinho. Conseguiu chegar em casa apesar de todas as dores. Procurou um disco entre os muitos que Luzia gostava. Escolheu Cartola, mais um jogo de sorte, azar. Entre a água com gás e a cachaça, não hesitou: esta poderia trazer algum conforto ao coração cansado. Os uivos do cachorro do vizinho rasgaram a tarde enquanto o disco riscado repetia o “abismo que cavaste com os teus pés”.

Retire! Retire!

O alemão voltou pra isso?!!
Por que não se aposenta de vez?
Ainda bem que acabou a parede!!!

ecos da última leitura

“A palavra pode ser erótica sob duas condições opostas, ambas excessivas: se for repetida a todo transe, ou ao contrário se for inesperada, suculenta por sua novidade. Nos dois casos, é a mesma física de fruição, o sulco, a inscrição, a síncope: o que é cavado, batido ou o que explode, detona.”

“'Escrevo para não ficar louco', dizia Bataille – o que queria dizer que escrevia a loucura; mas quem poderia dizer: 'Escrevo para não ter medo'? Quem poderia escrever o medo? O medo não expulsa, não constrange, nem realiza a escritura: pela mais imóvel das contradições, os dois coexistem – separados.”

O prazer do texto, Roland Barthes.
(tradução: J. Guinsburg)