18.8.06

Um soneto de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro e doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de maior espanto,
Que não se muda já como soía.


(Pois como já cantou Wander Wildner: eu não consigo ser alegre o tempo inteiro...)

Um comentário:

Anônimo disse...

curioso...
mas consegue sempre me deixar alegre...