7.10.06

Não tem preço?

(samba do miolo-mole)

Um dos versos de "Sampa" nos diz que surge alguma coisa "da força da grana que ergue e destrói coisas belas", se é que eu entendi a letra. Pois bem. Diversos avanços foram conquistados, mas à custa de quê? Às custas de quem? Depois não adianta lamentar a materialização de personagens como o cobrador, de Rubem Fonseca.

Quanto custa manter um homem atrás das grades? E um adolescente? Mais importante que isso: quanto nos custará?

(Creio que são remotas as chances de surgir um santo neste mundo tanto... Aliás, surgir não é impossível; resistir é que deve ser difícil. É uma vocação que não recebe o menor estímulo neste mundo, onde santo é tonto. O único estímulo é à tal ingenuidade que nos impede questionar, duvidar, mesmo dialogar.)

Tenho a impressão de que já é muito mais caro do que criar condições para que cresça o número de pessoas que conseguem olhar para este país de maneira crítica, sem se contentar com a velha ladainha de país do futuro, sem esperar que ele deixe de ser o país do futuro - um não-lugar, se entendi o que dizem por aí.

Perdido em questões que não consigo ordenar, pois me faltam algumas ferramentas para isso, trago mais uma notícia de jornal, a fim de deixar ainda mais doido o samba deste crioulo de miolo mole. Sábado passado, dia 30/09, perambulava pelas ruas do bairro e parei diante de uma banca, atraído que fui pela capa do jornal "Agora - São Paulo":

OS ASSASSINATOS DO CORONEL E DO GARI

A reportagem fazia, para a Secretaria de Segurança Pública, uma comparação descabida: apontava as diferenças na investigação dos assassinatos de Ubiratan Guimarães (63, coronel e deputado) e Fábio Rangel Souza (27, gari). Passados 20 dias, o assassinato de Ubiratan havia sido reconstituído duas vezes, o de Fábio, nenhuma.

Então...
Quanto vale a vida?
Quanto vale a morte?
Quanto vale a liberdade?



Ingênuo que sou, me lembro logo do Bandeira...


Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.



(Escrevi tudo isso no dia 30/09. Não consegui elaborar mesmo, mas fiz questão de publicar essas questões, associações, devaneios. Acho que ando meio sem freio. Efeito do filme desta manhã: "O jardineiro fiel". Puto por não saber o que se passa na África. Ponto.)

2 comentários:

Anônimo disse...

No fim do dia, li no jornal "O Globo", do Rio, que um médico brasileiro foi encontrado morto em um hotel na cidade de Nairóbi, no Quênia. E eu que queria notícias do continente africano...

Feliz disse...

Fala, Zé. Sensacional essa sua sensibilidade latente. Abraço. E vamos que vamos, enquanto ouço Geraldo e Luis Inácio cantarolando na Band.