28.10.06

Fingidor, eu?

Se isso aqui fosse um diário, eu diria que dormi mal por ter tido o sono interrompido por uma chamada no meio da madrugada, chamada que só o identificador do celular foi capaz de reconhecer pois nunca vi aquele número na vida; que estou apaixonado por alguém que conheço desde sempre, mas morro de medo de me pronunciar a respeito; que acordei às cinco da manhã pensando nela, mas tive que ir trabalhar; que consegui ser extremamente bem-humorado no trabalho, apesar do sono, da azia e dos atrasos em quase todos os vôos; que saí do trabalho satisfeito por ter cumprido minha missão; que me assustei com o dia lindo que encontrei no caminho de volta pra casa; que estava doido pra ouvir Cartola - como depois acabei fazendo; que fiquei espantado com a quantidade de (indi)gente(s) na Praça da Sé ouvindo o pastor; que fiquei impressionado com a possibilidade de relacionar esta última imagem com as canções de Cartola, a literatura indianista (ou indigenista?) e a minha cortante dúvida sobre desentranhar poesia da desgraça alheia (questão, talvez, ética e estética); que gostaria de escrever uma crônica a partir de qualquer uma dessas coisas, mas me senti incapaz de fazê-lo; que pensei a respeito de um diálogo que ouvi essa semana a respeito da imagem que criamos uns dos outros e a respeito de nós mesmos; que lembrei de uma pessoa ter dito que sou um cara decidido; que o Pessoa disse que "tudo vale a pena" e que "o poeta é um fingidor". Então lembrei: isso aqui não é um diário, e nem tudo é verdade.

O a(u)tor.

(eu hein!)

Um comentário:

Feliz disse...

essas elucubrações são normais, zé. abraço.