11.11.06

Então sonhei com um cabeludo com quem dialoguei durante muitos anos. Meus diálogos, na verdade, sempre foram monólogos. Só que desta vez o diálogo aconteceu, ainda que em minha vida-sueño. Ele me disse para não ficar aflito nem me perguntar o que comerei, o que beberei ou com que me vestirei. Agradeci.

Ele continuou. Disse que eu devia entrar pela porta estreita, porque larga é a porta que conduz à perdição. Então perguntei-lhe se porta larga e porta grande são sinônimos, mas ele não soube me responder. Olhou para mim daquele jeito que só ele sabe quando quer se tornar um espelho onde as pessoas costumam refletir seus medos, suas angústias, suas paixões.

Entre ansioso e excitado, argumentei que ele me disse uma vez que somos a luz do mundo e que por isso mesmo o sorriso dela iluminou o caminho escuro e dissipou meu medo. Ele me disse que eu estava interpretando o que ele disse de acordo com as minhas necessidades, que a coisa era mais complexa.

Disse a ele que a coisa talvez fosse mais simples do que ele dizia. E que ele mesmo sempre me pareceu muito mais simples do que me disseram aqueles que o estudaram. E que só a simplicidade poderia dar conta da complexidade do universo e daqueles que o complicam ainda mais.

Ele suspirou, abaixando a cabeça enquanto a balançava negativamente. Respirou fundo, ergueu a cabeça de novo, pôs a mão direita no meu ombro e disse:

- Caminhemos, pois!

2 comentários:

Feliz disse...

caminhemos... pra donde?

Anônimo disse...

por que cabeludo?
'caminante, no hay camino, el camino se hace al caminar'.
eso es, será, pra quando mesmo esse caminho?
besitos,
yo