6.9.10

eleições 2010: se eleito, prometo...

“Tomemos um enunciado do cotidiano como 'eu prometo que vou a sua casa'. Aqui parece se poder dizer que a promessa é do eu dado como origem da promessa, distinto do eu de vou, aquele que deverá cumprir a promessa. Ao contrário disso diria que neste caso a expressão da primeira pessoa em prometo é só a marca da representação da origem, marca que representa seu presente como o tempo do dizer. Ou seja, este eu é a representação de que não há lugar social no dizer. É, de um lado, a marca do desconhecimento do Locutor a propósito do lugar do qual fala: de amigo, de pai, de filho, de vendedor etc. Ou seja, de que lugar pode prometer algo a alguém? Em outras palavras, o eu do Locutor é o eu que não sabe que fala em uma cena enunciativa. É assim um eu que desconhece que fala de algum lugar. A tal ponto que se toma como a pessoa, meramente como tal, que deverá cumprir sua própria promessa. Aqui o lugar de Locutor se representa como lugar de dizer simplesmente.”

Guimarães, Eduardo. Semântica do acontecimento: um estudo enunciativo da designação.

Nenhum comentário: