14.9.11

chefe proficiente em português


Tive um sonho tão sinistro que o mais correto talvez seja dizer que foi um pesadelo. A coisa era assim. Trabalhava numa empresa privada chamada Fábrica de Anzóis Belonave. Seu slogan era: peixe morre pela boca. Como acontece com muitas empresas, a Belonave passou por uma reestruturação e puseram um chefe novo no meu setor. O cara tinha nome de ditador, mas até aí tudo bem. Várias pessoas têm nome/cara simpática e não valem um Cruzeiro Novo. Só que o sujeito era realmente um pequeno ditador. Tanto encheu nosso saco que, tomado de ódio, num dia de fúria, um funcionário decidido não pensou duas vezes. Recebeu um protocolar “Bom dia!” e respondeu na lata: “Vai à merda, seu bosta!” Naquela mesma manhã foi demitido para servir de exemplo, obviamente. Quando todos se preparavam para voltar pra suas casas, foi convocada uma reunião para que não restasse dúvidas.

- Pôxa pessoal – dizia o chefe. Tive o dissabor de dispensar o Joãozinho porque ele cometeu um erro grave. Vocês estão cansados de saber, e eu não me canso de cobrar. Todos os dias eu pergunto pra cada um dos senhores: leu o manual da empresa hoje? Trouxe o manual da empresa? Posso ver? Tá na mochila, você pode me mostrar? Não custa nada, pessoal! Dá uma lidinha no ônibus quando estiver a caminho, pôxa! Não quero passar por isso novamente e não quero que vocês passem por isso. Pra bom entendedor, enfim... O Francisco, digo, o Joãozinho errou porque me mandou ir à merda? Não! Errou porque me chamou de bosta? Não! Joãozinho errou porque o manual da empresa é muito claro no Artigo I, parágrafo 5: é proibido o uso de figura de linguagem no ambiente da empresa! Mandar um bosta ir à merda é pleonasmo, e isso não se admite nessa empresa, ok? Boa semana a todos!

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