Apela para a palavra
por puro instinto. Teatral. Pseudo-supervivente, pero subserviente.
Se aperta o calo, pula janela, se atropela e perde prazo de validade.
Vencido, recienvenido, se reinventa, se revienta em vozes abobadadas
de porta a porto. Maravilha. Recicla vela preta, despacha ebó –
haja camarão! De beber? Nada, nada, nada além da arrebentação:
quebra garrafa de Pitú, bate cabeça no congá, pede glicose na veia
e um show do sepultura.
O sol não aquece alma
penada: lavra os autos, lavra jatos, leva as tintas, soma as penas,
suda sangre-almodóvar, borra papéis inesperados. E lua cresce aos
olhos de tristanço de estante, mientras sentirla es, essa gota
colgada, lágrima caiada dos olhos de un niño azul.
Abre os braços, sobe
morros, desce nadas e ladeiras. Sobra sal pra cada lado desse rio
engarrafado, cada margem uma história fora de ordem terceira do
carmo. Ruas de paralelepípedo, trilhos de bondes parados, tudo isso
resiste. Sabe, no entanto, um som de saudade, um lamento. Aço, fio
de vento, rebento. Esquissomfrenia desatada cortando dobrados dentro
das horas cinzas, ora azuis, ora lilases. Um dejavú, um de já vai,
uns djavan, outro Irajá. Sim, já vai. E volta. Apela para a palavra
por puro instinto.